quinta-feira, 7 de abril de 2011

Tenho saudades suas. Quero encontrar-te a todo custo. Não encontro. Nem mesmo quando estou contigo, não te encontro. Vejo em seu lugar um outro alguém, desconhecido. Não me agrada, me enraiveço. Reclamo, te afasto ainda mais de ti. As saudades aumentam.

Onde te encontro?

Brasil sem condições

Esta manhã, um incidente aconteceu em uma escola pública do Rio de Janeiro. Um ex-aluno da escola entrou no local com duas armas, atirou em algumas crianças. O homem conseguiu adentrar o ambiente acadêmico dizendo que estava ali para dar uma palestra. Passou, então, com facilidade pela ótima segurança oferecida para a educação pública.
É um absurdo que qualquer um consiga entrar em uma escola. É necessário ter sempre em mente se tratar de um ambiente com crianças.
E existe segurança capaz diminuir o risco de um estranho entrar no ambiente acadêmico? Não em escola públicas. Mas do mesmo jeito que é possível dificultar o acesso de um estranho a uma empresa ou a uma escola partircular, por quê não existe nenhuma medida preventiva nas escolas públicas?
Pois bem, depois ainda dizem que o governo tem como uma das prioridades a educação. Educação sem segurança, só se for.
Sabe mais outra "prioridade" do governo? Saúde pública...
Vejam só, para atender as crianças feridas física e psicologicamente foi preciso que um grupo de médicos trabalhasse fora de seu turno.
Não existem médicos o sufientes para atender casos de violência em massa. Bom, mas que sorte que o nosso país quase não tem casos de violência e... Espera ai... onde vivemos mesmo? No país do futuro!
Sem segurança, educação e saúde, seremos o eterno país do futuro...
Futuro distante depois de uma guerra nuclear e da reconstrução da vida na Terra, né? Só se for.
O interessante é que na mídia passam a ideia de que a culpa de tudo foi do indivíduo que, por um acaso do destino, tinha poder de arma, sabia atirar e burlou a "segurança" da escola.
Logo, logo vão falar que a culpa da falta de médicos em hospitais públicos foi dele também.
Ele passou de "pessoa com problemas psicológicos" a um ser onipotente. Vamos ser realistas, o cara não precisa ser Deus para conseguir fazer a merda que fez.

terça-feira, 29 de março de 2011

Estou assustada, desejo fugir

Estou assustada.

Desejo fugir,

Não vejo para onde fugir.

As paredes que se encontram ao meu redor parecem se fechar rapidamente a fim de formar um corredor estreito onde todas as opções são:
seguir em frente ou

voltar para um local com ainda mais aperto.

Se corro, me canso. Cansada, sou incapaz sequer de andar. Vejo, então, com as mãos atadas, meu destino imutável se aproximar de mim.

Estou assustada. Desejo fugir, Não vejo para onde fugir.

Se caminho lentamente, reparo na paisagem sufocante ao meu redor. Torturo-me psicologicamente toda a vez que reparo. Torturada, desejo correr. Se corro, me canso. Cansada, sou incapaz sequer de andar.

Vejo, então, com as mãos atadas, meu destino imutável se aproximar de mim.



Estou assustada.


Desejo fugir. Não vejo para onde fugir.


As paredes que se encontram ao meu redor parecem se fechar rapidamente a fim de formar um corredor estreito onde todas as opções são:


seguir em frente ou


voltar para algum lugar ainda mais apertado


Talvez a solução fosse, simplesmente, tentar voltar ao local de onde vim.


Mas pensar em regredir me tortura.


Torturada, desejo correr. Se corro, me canso. Cansada, sou incapaz sequer de andar.


Estou assustada.


Desejo fugir.


Não vejo como fugir.


sábado, 26 de março de 2011

Desejos contidos

Um gume extremamente afiado é tudo o que necessito para realizar meus atuais desejos mais profundos e intímos, todo o resto já tenho. Aqui perto, há dezenas de gargantas gastas, ainda em uso. Aqui dentro, um desejo incondicional de vê-las sangrando sobre minhas mãos.
Ah, como desejava tal gume. Se o tivesse, deixaria que o silêncio fosse quebrado apenas por detalhes pouco incômodos, como o som do gotejar do sangue e de seu deslizar pelo piso gélido.
Ouviria, então, certezas de minha existência. Ouviria, enfim, o som de minha respiração — ao fim das outras — e ainda o reconfortante ritmo certamente acelerado de meu coração devido a excelente descarga de adrenalina.
Mas não tenho comigo qualquer objeto cortante. Por algum motivo estranho, os afastaram de mim.
Me resta apenas conter meus sentimentos obsessivos pelo ar do local. Os contenho em uma folha vazia, só minha... Toda minha e de mais ninguém.
Não tentem tirá-la de mim, já divido involuntariamente o ar. A folha não é de mais ninguém... Não.
Só minha.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Trechos de rotina

Um local grande, com muitos lugares para se sentar. Muitas pessoas sentadas. Um palco à frente de todos, acústica boa.
Entra um homem vestido de modo diferente dos demais. Ele sobe no palco, pega um microfone, ri de sua própria desgraça, comenta as desgraças do mundo.
Encena uma breve história.
Termina a história e, estranhamente, diz que não a entende. A plateia ri, também não a entendeu.
Batem muitas palmas, sorriem inutilmente.
Nenhuma explicação é dada por parte do homem.
Ele, realmente, não a havia entendido a história que contara.
Ninguém a entendeu. Continuam sorrindo.
O homem sai da sala e parte para a próxima aula que daria.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Além da janela, pela televissão

Observar além da janela é algo perturbador. Prefiro muito mais observar o que há na televissão. Nem preciso ir longe. Não preciso olhar além dela, nem à sua frente. Olho ela, sem grandes esforços. Olhar além da janela é cansativo, precisamos ver uma paisagem inteira... as árvores raras, os carros que passam continuamente, as ondas de prédios que se formam, o vento a carregar as núvens e, ainda por cima, ter que sentir ao mesmo tempo o frio ou o calor vindos da janela.
Pela televissão não há nada disso. Dão zoom para gente. Dão zoom para gente no que "é" mais importante se ver. Mostram a nós como as mulheres andam de cabeça erguida nas ruas e como os homosexuais são cada vez mais aceitos na sociedade. Dizem que em uma terra muito, muito distante acontecem problemas terríveis... Mas falam sobre o outro lado do mundo sobre coisas que, temos quase certeza, que nunca acontecerão por aqui.
Além da janela, a situação é outra, vemos a traição assoar as ruas, as músicas bizarras criadas, as conversas sem sentido dos amigos, a decepção continua de conhecidos que antes se mostravam os seres mais alegres do mundo, vemos o preconceito, as enchentes, os desabamentos de terra, as brigas, o medo avassalador da violência. Vemos tudo sem zoom, escolhemos os caminhos que queremos seguir, nos aproximamos apenas deles... Dá muito trabalho.
Na televissão, vemos que a felicidade está logo ali... Que podemos encontrar um principe encantado na próxima esquina, sem esforço... Que podemos ter muitos amigos e muitores amores, basta comprar produto x ou y.
Pela janela, percebemos que comprar produtos não trazem a felicidade. Vemos milhares de pessoas que compram e compram... fazem dívidas para comprar e, depois, se entristecem com tais dívidas gigantescas. Notamos, porém, que a tecnológia pode nos ajudar e muito nas ações do dia-a-dia e facilitar o nosso trabalho. E, então, crianças aparecem nas ruas, reclamando do tédio.
Na tv não há nada disso. Não há tédio, tudo é muito dinâmico. Em 5 minutos se ressumem as cenas de um dia todo. Em menos de 2 minutos, contam a notícia mais chocante do mundo.
O irreal pode ser milhões de vezes mais satisfatório que a realidade. Os sonhos, que temos com os olhos fechados, costumam ser perfeitos. Mas é doentil demais viver sem abrir os olhos.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Lone... A Lone... Alone...

Sábado, um dia de festas, de curtição, animação... Dia de sair com os amigos, dia de sair para namorar para os namorados e de sair para se apaixonar pelos ainda não apaixonados. Enfim, o dia em que todos saiem e, justamente por isso, o dia em que ninguém fica. Talvez, muitos afirmem com certeza que domingo é o pior dia. Mas eu discordo. No domingo, todos estão em casa. No domingo, pode-se ligar a qualquer instante para qualquer um e quase todos atenderão, fora aqueles mais religiosos que foram à missa, ou os mais aventureiros que sairam um dia antes de trabalhar. Sábado... Maldito sábado.