sexta-feira, 30 de julho de 2010

Criança mal criada! Velho ignorante!

Ontem, me confessaram que esperavam ler coisas "ardentes", "picantes"... E, ainda, que esperavam ler tais coisas em meu tão querido blog. Infelizmente, serei obrigada a desapontar todos esses que confessaram-me tais coisas. Desapontarei para evitar a mentira. Já que não houve, de ontem para hoje, nada ardente... tampouco picante.
Eu sei que contando isto logo no começo, corro o risco de perder você, meu querido leitor. Mas é melhor que eu diga no começo do que no fim ou ainda que não dizer! Assim, você tem todo o texto para se acostumar com a ideia e pode sair daqui menos frustrado com a surpresa.
Como eu já estava dizendo...Contarei, apenas, o que me ocorreu. Começo dizendo que hoje foi um dia agitado repleto de deveres e obrigações chatas que são extremamente... er... que palavra uso para evitar a repetição? Ah, pouco importa! Vai esta mesmo repetida que me dá menos trabalho para pensar... Hoje foi um dia agitado, repleto de deveres e obrigações chatas que são extremamente chatas de se descrever.
Entretanto em um dia chato, algo chato chamou-me a atenção.
Na fila onde encontrariam eu e minha mãe a espera de atendimento, bem lá na frente, na verdade, havia um menino de uns 4, 5 anos a pedir um chocolate para a moça do caixa. Entregava alguma nota de dinheiro dada pela mãe e recebia, logo o cupom para ter o doce. Ansioso, o menino ia logo ao balcão seguinte onde retiraria "o pedido". E digo "logo" porque foi logo mesmo. Fora correndo, bem depressa...
A mãe o cortou tão depressa quanto pode. "Pegue o troco com a moça, antes", dizia ela.
O menino voltou, todo obediente, assim que recebeu a censura. Mas, frente ao caixa, já se encontrava um senhor que devia beirar seus 70 ou, chutando alto, 80 anos.
O garoto não hesitou com o pequeno problema. Simplesmente, aprendeu, na prática, uma das leis da física... aquela que diz que dois corpos não ocupam o mesmo lugar ao mesmo tempo. A criança não pensou muito. Empurrou depressa o senhor e ocupou seu lugar.
A mãe o censurou novamente. "Peça licença! Não empurre...", falava ela calmamente.
Respondendo aos pedidos da mãe... o menino, após empurrar o senhor, disse, então, "Licença!" - uma fala curta e extremamente breve - manteve-se no lugar que havia tirado do homem.
O idoso olhou pasmado para o menino e não respondeu. Não disse nada como "Tens toda a licença do mundo" ou ainda "Certo, mas peça primeiro licença e, quando eu te der espaço, venha para a fila...". Ficou calado olhando com uma desaprovação gigantesco esperando que o menino - que, nem mesmo, deveria ter aprendido a ler - lesse seu olhar.
O menino recebeu o troco, pegou o doce e saiu dali contente. Afinal, iria se deliciar com a gostosura que acabara de ganhar.
O idoso manteve o olhar pasmado como se tivessem ferido o orgulho dele vagarosamente com uma faca gigantesca que lhe atrevessava seu peito todo estufado.
Mais tarde, veio minha mãe repetir-me a história. Dizia os olhos do idoso gritavam algo como "Criança mal criada!" e que os dela responderam em seguida "Velho ignorante!"
Pedi para que me explicasse o por quê de tal afirmação... Disse-me ela que ele deveria compreender que o menino estava em fase de aprendizagem e que, com o tempo, saberia se portar na fila a partir das censuras da mãe e da sociedade.
Fiquei a me perguntar se o idoso não fazia parte da sociedade dita... Cheguei a conclusão que, sim, fazia! E se, ao censurar o menino com os olhos, ele não estava ajundando o garoto a melhor se portar. Parecia estar... Se fosse assim, o homem não seria lá ignorante. Seria, na verdade, justamente, o oposto disso! Seria sábio, muito sábio! Sábio e bondoso!
Bondoso? Bondoso com aquele ar orgulhoso? Bondoso e sábio com aquele modo de desaprovação seguido de um silêncio indifente?
Não, bondoso não era! Tampouco sábio...
Deste modo, creio que a afirmação de minha mãe não é lá muito boa... Mas necessito de uma boa afirmação para fingir ter uma opinião formada sobre o ocorrido.
Dizem alguns que é muito importante ter uma opinião formada sobre tudo. O que digo sobre estes dizeres? Nada! Não tenho opinião sobre isto!
Sendo assim, não me acho digna a ponto de criar uma afirmação sozinha para aquela tal situação. E na falta de uma melhor, uso a afirmação do tal homem!
Menino mal criado!

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