sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Longe daqui...

Longe daqui, em um lugar distante e sem pessoas, uma música continua toca... Tal música seria capaz de acalmar até mesmo a alma do ser mais perturbado. Mas não há ninguém para ser acalmado ali. Longe daqui, em um lugar longiquo e inabitado, o silêncio prevalece em melodias perfeitamente ritmadas. Não existe caos. Não há barulho, nem gritos, tampouco sussurros. E se, por um acaso, algum pequeno ruido surgisse a atrapalhar a bela música, ele poderia se espalhar com calma por todo o espaço que lhe fosse necessário. Não lutaria contra outros sons, se fundiria a música e se tornaria parte dela. Seria um ruido perfeito.
Há pouco tempo, queria viver em um lugar assim... Tranquilo, sem ninguém, sem pessoas gritando em meu ouvido coisas que eu "deveria" fazer, mas que fugiam, completamente, do que eu desejava. Seria um local em paz, sem guerras, pois não haveria ninguém para guerrear.
Tratava-se de um lugar imaginário, de fato. Um local meu, só meu. A primeira coisa só minha que eu teria em toda uma vida. Algo que não era de meus pais, nem de meu país, de minha escola, ou de qualquer coisa que, supostamente, é minha... Mas, claro, não só minha.
Era um lugar onde eu poderia viver para sempre, tranquilamente, alegremente, sem problemas, sem complicações. Poderia, até mesmo, fugir da vida, fugir da morte, egoistamente, sem medo das consequências.
Criei tal local através da escrita. Inventei-lhe um nome, defini-lhe estações do ano, deixei-o belo. E fugia até lá, descrevendo cenas em que eu me encontrava em tal local, toda a vez que encontrava a necessidade de me esconder.
Os dias passavam depressa, as noites mais ainda. Com o tempo, desejei que o imaginário fosse real e o real, imaginário. Repeti, então, a mim mesma esta tal mentira... Uma vez, duas vezes, três vezes... E de tantas vezes que a mentira fora repetida, aceitei-a como verdade.
Passei, assim, a assimilar minha vida à fantasia e a fantasia à vida. De vez em quando, me via obrigada a retornar a realidade... Ia zangada e voltava logo. Quando percebi já estava passando mais tempo em um mundo ficcticio do que no mundo real.
Sabe qual é a pior parte de viver em um mundo que não existe? É que passa-se a também não existir.
Suas ideias, suas angústias, seus medos, suas aflições, suas paixões, seus desejos, sua vida... Enfim, tudo passa a ser apenas um pensamento egoísta feito por você mesmo a você mesmo. Então, você para de conhecer pensamentos alheios, prende-se aos seus próprios por ser sua única opção. E quando volta a realidade (se voltar), descobre que já não mais conhece os que achava conhecer, pois todos mudaram, inclusive você.
Algumas pessoas sonham em altos cargos em empresas, outros em grandes viagens para descobrir o mundo, uns ainda em histórias criadas por pessoas distintas. Todos temos sonhos. Nenhuma vida deve ser feita apenas de sonhos.

1 opiniões:

William Kretschmer disse...

riice mayumi
no comentário do link http://bestado.blogspot.com/2010/11/reflexoes.html#comments entendi plenamente a sua pergunta.
RE: sim todas almas da terra um dia foram uma só, qualquer divisão está correto a sua afirmação mais o final.O ultimo paragrafo foi usado pelo autro apenas para justificar para mostrar porque varias pessoas não conseguem encontrar sua outra parte não necessariamente uma punição.

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