terça-feira, 23 de novembro de 2010

Olhos...

Aqueles olhos estavam começando a me assustar, mesmo sendo olhos tão tristes. Algo me incomodava no modo em que me fitavam. Eu tentava não observá-los de volta, mas era quase impossível. Nunca fui capaz de ficar muito tempo sem olhar aqueles que me olham. E, bom, quanto mais olhava aqueles olhos, mais me assustava. Não sabia se me olhavam por fascinio, por falta de lugar para olhar ou porque existia alguma coisa estranha em mim. É certo que depois conferi minha imagem no espelho e vi que eu parecia perfeitamente normal, tirando o cabelo ligeiramente bagunçado devido a alguma aula de tédio na escola. Assim, descarto uma das possibilidades e fico apenas com as duas primeiras, esperando, claro, que estivesse a me olhar por falta do que olhar... Por um acaso qualquer. Sei que me desconcentrava, não me deixava pensar em mais nada. Não me deixava pensar na morte da bizerra ou em qualquer outro assunto de mesma importancia. Me assustava. Não gostava de estar assustada. Me sentia indefesa... Até que o trem parou, desembarquei e nunca mais vi aqueles tais olhos.

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